setembro mindful

Você vive no piloto automático?

Vive sem estar realmente presente e engajado?

Eis um “causo” que aconteceu comigo…

Quando eu estava começando a pilotar moto, minha atenção no trânsito era super afiada.

Dias atrás, porém, eu rampei um quebra mola e tomei um baita susto porque estava completamente distraída pensando no por quê a pessoa X não queria mais sair comigo (risos).

“Quando você desenvolve habilidade suficiente para realizar uma tarefa inconsciente, sua mente fica livre para imaginar, contar histórias e tecer comentários.” (KOZAK, 2022).

É uma adaptação do cérebro para economizar energia, mas perceba que no trânsito, por exemplo, isso se torna algo bem perigoso, que merece nosso cuidado.

Lavar louça, tomar banho, escovar os dentes e até comer também são atividades comuns que, na maioria das vezes, fazemos sem perceber direito o que estamos fazendo.

(Geralmente tem um celular ou qualquer outro dispositivo do lado para nos entreter durante essas tarefas “chatas” e “banais”).

Perdemo-nos na correria do dia a dia; não nos damos conta do tempo passando de tanta coisa acontecendo, mas tanta coisa que, no fundo (e paradoxalmente), parece ter sido a mesma coisa que nada.

Coisas das quais nem nos lembramos direito e/ou não contribuíram, de maneira significativa, para nossa história de vida.

Coisas que não fizeram sentirmo-nos mais vivos e/ou mais conectados com o simples ato de viver e experienciar a vida.

Chamamos esse funcionamento de “modo fazer”, no qual estamos ocupados com basicamente 3 coisas:

  • cumprir objetivos e metas;
  • comparar a realidade com o que ela deveria ser;
  • rotular as coisas em boas e ruins.

Um modo que funciona no impulso, no improviso, no hábito, no piloto automático, sem atenção e concentração.

Você faz muitas coisas ao mesmo tempo?

É adepto do modo multitarefa?

Fazer várias coisas ao mesmo tempo incorporou-se como algo vantajoso no nosso modo de funcionamento.

No entanto, quando em excesso e por um período prolongado, este comportamento prejudica nossa capacidade de concentração.

Dependendo da tarefa, inclusive, é mais desgastante para o cérebro ficar migrando a atenção entre mais de uma atividade por vez (BORTOLAZZO, 2016).

Se você se identificou com a sensação de estar vivendo no piloto automático e está cansado de fazer tanta coisa apenas por fazer, te convido a permanecer nesta leitura.

Quero te apresentar uma ferramenta científica que treinará sua mente para ser mais focada, menos distraída, mais atenta e mais presente.

Uma técnica comprovadamente eficaz. Os resultados costumam aparecer em 8/12 semanas de práticas diárias de 20 a 30 minutos.

Pois além desse “modo fazer”, existe o “modo ser”.

Nesse “modo ser”, não há um lugar para chegar, uma meta ou objetivo a cumprir; não há expectativa de como as coisas deveriam ser; e não há julgamento entre bom ou ruim.

As coisas apenas são o que são, do jeito que são e nada mais.

Já aconteceu de você trabalhar tanto, fazer tanta coisa e não vê a hora de finalmente descansar, mas quando chega a hora de descansar, simplesmente não consegue porque a mente não para de se preocupar, pensar, planejar, etc?

Comigo já aconteceu várias vezes.

A boa notícia é que existe um estado da mente humana onde há realmente descanso e silêncio, que pode trazer paz e bem-estar.

Este estado é o ”modo ser”.

É possível, leitor, aprender a transitar entre esse “modo ser” e o “modo fazer”.

Sem negligenciar qualquer um deles, mas conciliar ambos.

Permanecer em cada um no momento certo e na quantidade certa.

Quero te mostrar algo que muitos buscam, mas não sabem direito se é possível e muito menos como chegar lá.

Esse “modo ser” também pode ser chamado de estado “mindful”, um estado da mente humana, capaz de ser conquistado por todos nós.

Um estado que estamos deixando de lado por conta deste mundo cada vez mais tecnológico e veloz, no qual ser multitarefa é praticamente a regra.

(Não à toa vivemos em uma época onde o que mais se procura é o bem-estar psicológico).

O estado “mindful” pode ser conquistado com uma técnica chamada “mindfulness“, palavra que, em português, costuma ser traduzida por “atenção plena”.

Existem basicamente 2 formas de praticarmos mindfulness: meditando ou fazendo qualquer outra coisa.

A ideia central da prática é simplesmente observar a experiência presente como um cientista observa seu objeto de estudo.

As características dessa observação são a abertura, a curiosidade e a aceitação.

Características apostas ao julgamento, à crítica, ao apego e à aversão.

Praticar mindfulness, em poucas palavras, é parar/pausar e prestar atenção/conectar-se ao momento presente.

No começo é um exercício da nossa vontade e disciplina, uma deliberação intencional.

Com o decorrer do tempo, no entanto, estar no modo mindful torna-se mais natural.

Mindfulness, portanto, é o elevador que permite permanecermos apenas o necessário no “modo fazer”, transitarmos de forma funcional para o “modo ser” e vice-versa.

O que é muito útil, pois como vimos, é comum a mente trabalhar o tempo todo, mesmo quando não está realizando alguma tarefa como ler um livro ou resolver um problema matemático.

Nos momentos de desocupação, a mente geralmente costuma continuar ativa, em um diálogo interno, no qual divagamos em conteúdos sobre nós mesmos e nas expectativas que temos sobre o mundo.

Quem medita há bastante tempo, no entanto, consegue silenciar esse diálogo interno e focar nas sensações corporais e sensoriais.

Com isso, a mente realmente consegue descansar nas situações em que há nada para fazer.

Imagine nossa mente como um macaco louco.

Precisamos amarrar este macaco louco numa corda e prender essa corda numa estaca fincada ao chão.

Ao fazer isso, o macaco vai gritar e espernear, mas aos poucos ele vai entender que não adianta lutar e resistir, pois não é possível escapar dali.

Após um tempo, mesmo solto, o macaco não mais fugirá.

A corda é nossa atenção e a estaca é nossa âncora.

Âncora, na prática de meditação, é aquilo sobre o qual iremos focar, o nosso ponto fixo, o alvo da atenção.

As principais âncoras da meditação são o corpo e a respiração, pois ambos estão sempre no presente.

Observando-os, conseguimos sair de ciclos ruminativos e processos de pensamentos e focamos nas sensações físicas.

Essa é a base na qual funda-se o mindfulness, cujo resultado é nos ajudar a fazer atentamente o que precisa ser feito na hora que precisa ser feito, e ficar de boa na hora que dá para ficar de boa.

E aí, o que achou do nosso texto até aqui?

Continue acompanhando os próximos textos, pois falarei mais sobre como praticar mindfulness mesmo na correria do dia a dia.

Observação: em agosto não consegui escrever.

Prestei 2 concursos, comecei uma formação em mindfulness, voltei a dar aula no cursinho pré-vestibular e tive 3 aniversários importantes (mãe, pai e melhor amiga).

Setembro é conhecimento como o mês amarelo, o mês de prevenção ao suicídio.

Embora super importante, não tratei sobre o assunto especificamente aqui, mas o que dissemos sobre estar mais atento e consciente na vida contribui para recheá-la com significado e sentido.

Grata pela leitura e cuidado com os quebra mola por aí…

* Tati(ane) Fonseca é amiga da Filosofia, especialista em Mindfulness, Neurociência, Psicologia Positiva e praticante de Yoga

Referências:

KOZAK, Arnie. 108 histórias para entender a atenção plena. 1. ed. – Rio de Janeiro: Sextante, 2022.

DEMARZO, Marcelo; CAMPAYO, Javier Garcia. Manual prático Mindfulness: curiosidade e aceitação. 1. ed. – São Paulo: Palas Athena, 2015.

BORTOLAZZO, SANDRO FACCIN. O sujeito digital multitarefa: entre tecnologias e educação. Belo Horizonte: Revista Educ & Tecnol, 2016.

Imagem: su fu, 2019. Disponível em: https://unsplash.com/pt-br/fotografias/N-6mnzmVljA


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Uma resposta para “setembro mindful”.

  1. Avatar de
    Anônimo

    👏👏👏👏👏👏sempre é bom ler o que escreve continua vc é incrível

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