A questão da Praça das Aroeiras

Há uma discussão na cidade a respeito da utilização de uma área pública na região da Vila Yolanda onde há previsão para a construção de uma escola municipal.

Na verdade, qualquer pessoa em consciência razoável não pode ser contra a construção de uma escola, e não é esse, nem de longe, o caso. A questão, no entanto, é que a cidade precisa priorizar outros aspectos urbanos e não somente trabalhar a partir da lógica da exclusão, onde só se constrói um equipamento se retirando outro. Algo muito simplista e, partindo dessa ideia, levanto três pontos:

1- Nossa cidade tem uma carência absoluta de espaços de lazer, convivência e contemplação. E, quando se pensa em tais espaços, o bom planejamento urbano deve considerar o pertencimento. Explico: não basta apenas escolher uma área e dizer que ali será uma área de lazer. As pessoas precisam reconhecer o local como tal. Precisam ter alguma relação com o lugar. Precisam se referenciarem por ele. Por isso, a praça em questão, mesmo que para algumas pessoas do poder público possa não ser uma praça efetivamente, ela já é conhecida e reconhecida pelo bairro e por moradores de outras regiões que frequentam o local, como eu, e consolidar esse espaço é algo que vai além da transcendentalidade, é algo concreto, real e testado.

2- Foz do Iguaçu tem uma diversidade quase infinita de terrenos – públicos e privados – inclusive na região que precisa ser atendida pela escola. Pode ser aí uma oportunidade para a escolha de outro espaço, inclusive mais acessível para o fluxo de tráfego que será gerado, e com a possibilidade de requalificar outro imóvel e/ou outra área. Nem sempre o mais fácil é o melhor ou mesmo o urbanisticamente mais eficaz.

3- As decisões do Poder Público, e quem diz isso é a Constituição, precisam sempre serem também pautadas por audiências e consultas populares, ouvindo incansavelmente moradores e interessados. E isso não deve ser visto como um ônus e sim como um princípio. E não pode ser uma arena onde os agentes públicos vão pra se defender e demonstrar graus intransigência. Insistir no debate, encontrar saídas, é uma tarefa difícil mas necessária para uma cidade melhor e mais justa.

Assim, e sentindo muito que há pessoas que queiram utilizar a questão da praça – ou da escola – para fins políticos, eu me expresso aqui como um cidadão de Foz que torce por mais praças, mas áreas verdes, mais espaços de convivência e, claro, mais escolas. Sem uma coisa ter que excluir outra.

* Luiz Henrique Dias é professor e coordenador do Coletivo de Cidadania.

Publicado na edição de 25/04/23 do Jornal GDia. Foto: Divulgação Instagram


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