Avenida Paraná para as pessoas

Muito bem recebida a notícia de que a Prefeitura vai voltar a fechar um trecho da Avenida Paraná para os carros – ou “abrir para as pessoas”, como prefiro pensar – nos primeiros domingos de cada mês, começando no próximo dia 5 de março. A medida é louvável e importante no quesito ampliação do direito à cidade, além de oferecer uma oportunidade a mais de lazer, esporte, cultura e contato com regiões arborizadas. No entanto, valem algumas ponderações ou reflexões:

1- Por que não se pensar em abrir para as pessoas todos os domingos e não somente no primeiro domingo de cada mês? Isso criaria um hábito nas famílias e garantiria, em todos os finais de semana, um espaço amplo e acolhedor de lazer para a população. Seria algo generoso com a cidade e mostraria para os motoristas que é possível se dividir espaço. Seis dias por semana para os carros e um para as pessoas. É pouco, mas já é um bom começo. Sem falar que fazer somente uma vez por mês, gera uma sensação coletiva de descontinuidade. 

2- Por que não se fazer dos domingos na Avenida Paraná um incremento econômico e não se criar um calendário permanente de atividades – todos os domingos, de preferência – na Avenida Paraná, levando para lá feiras de artesanato, jogos, atividades lúdicas, culturais, ambientais e de cidadania, incluindo um parceria com as instituições de ensino superior para a contratação de estudantes e profissionais de saúde, cultura e educação para orientação, recreação e apresentações, diversificando as opções na cidade e gerando trabalho e renda?

3- Por que não se amplia a iniciativa para os bairros, mesmo que de forma itinerante, considerando não somente a distância mas os custos de transporte para moradores de regiões distantes do Centro faz o domingo na Avenida Paraná algo inacessível? Assim, outros espaços poderiam ser utilizados e outras vias poderiam ser abertas para a população. Ou, por que não liberar a passagem dos ônibus aos domingos ou fazer uma tarifa única de R$ 1,00 nos domingos, permitindo mais direito à cidade?

Todas as iniciativas citadas acima, ou mesmo outras que poderíamos apontar aqui, serão alvo de críticas simplistas como “não há recursos” ou “falta pessoal para isso”, ou mesmo “e como ficariam os carros?”, mas algo é certo: nada que foi dito aqui é novidade. Acontece em inúmeras cidades, grandes, médias e pequenas, do Brasil, e sempre com resultados excelentes, tanto no quesito social quanto na melhoria da qualidade de vida. Foz do Iguaçu é uma cidade que aprendeu a receber turistas, mas ainda está muito longe de reconhecer a importância de cuidar de seu povo. E isso é algo fundamental para uma cidade que quer ser mais moderna e mais cosmopolita. 

* Luiz Henrique Dias

Nota: Depois de publicado o artigo, chegou ao conhecimento do Foz.Digital que a prefeitura de Foz decidiu fazer a ação em todos os finais de semana. Ponto!


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