a esperança morreu

O título chama a atenção, eu sei, mas não é isso que você está pensando.

Se você leu o último texto de 2022, talvez tenha entendido o que eu realmente quis dizer.

Senão leu ou não entendeu, tudo bem, continue comigo e seja bem-vindo ao primeiro texto de 2023!

O que era esperado chegou e agora está aí; tornou-se presente, finalmente.

No texto anterior, listei alguns vilões que dificultam nosso sentimento de satisfação e contentamento com a vida.

Ansiedade, depressão, distração e burnout, por exemplo.

Está cada vez mais difícil relaxar de verdade, sentir paz, tranquilidade, sossego e calma.

Invés de apreciarmos a vida, tal como ela é, parece que estamos lutando contra ela.

Tentando dar conta de um acaso caótico e barulhento de forma mais ou menos bem.

Das duas, uma: desanimar de vez ou cultivar a esperança de que alguma coisa pode melhorar.

A esperança é justamente a alegria desejada porque não é alegria vivida.

Nosso mundo é moderno, recheado de avanços tecnológicos e científicos extraordinários.

Mas você reconhece que nosso cérebro é ainda bastante primitivo?

Encontramos o homo sapiens sapiens há, aproximadamente, 90 mil anos.

E há12 mil anos, graças ao desenvolvimento da agricultura, esse homem passou de caçador para coletor.

De lá pra cá, no entanto, não surgiu outra subespécie com uma estrutura cerebral mais desenvolvida que a do homo sapien sapiens.

Num cenário bacana então, nosso cérebro está comemorando um aniversário de uns 12 mil anos de idade (haja velinhas para este bolo).

Não sei você, mas aprender a manter a saúde e o bom funcionamento de um cérebro ancião num mundo que avança a cada minuto é, no mínimo, uma preocupação relevante (imprescindível, para outros).

Velocidade, praticidade, informação e quantidade de tarefas aumentaram assustadoramente nos últimos anos.

Isso permite que a gente faça muito mais coisa num intervalo curto de tempo.

É legal, mas cansa.

Em excesso, atrapalha.

Em excesso e, por muito tempo, exauri.

Sem tentar assumir alguma rédea dessa carroça, facilmente seremos engolidos e massacrados pelo modo de vida contemporâneo.

O medo de ficar pra trás, de não conseguir chegar lá, de não ter, de não ser o suficiente são como sombras que nos perseguem a cada esquina.

Um dos livros que mais transformou minha vida foi “O Poder do Agora”, do Eckhart Tolle.

Para muitos, o agora é visto apenas como um trampolim para o amanhã, um pedágio para o futuro.

Como se o hoje não tivesse valor por si, mas é algo necessário para aquilo que ainda está por vir.

O que poderia ser mais insensato do que se opor à própria vida, que é agora e sempre agora?

Virou clichê, eu sei, mas o momento presente é realmente tudo que temos.

A única coisa real sobre a nossa jornada é o passo que estamos dando neste momento.

O mundo não vai parar ou mudar para adequar-se à sua expectativa (ele está nem aí pra você, na verdade).

Quem precisa parar e transformar alguma coisa é você.

Transformar teu foco e comportamento diante da vida, por exemplo.

Para transformar algo, porém, eu preciso primeiro entender como esse algo funciona.

Existe uma prática que, há muito tempo, contribui para expandir nossa concentração e consciência sobre nós mesmos.

Uma prática milenar que hoje é estudada pela Ciência e testada por meio de aparelhos, que captam as alterações que ela é capaz de causar no cérebro.

Você já sabe de qual prática estou falando?

Sim, a meditação.

“Ah, lá vem esse papo good vibes desse povo zen!”

Deixa eu te explicar uma coisa.

Sabe quando você recebe visita em casa e diz “por favor, não repare a bagunça?”

Pois é, meditar é exatamente o oposto disso.

É justamente reparar na bagunça porque é bagunçada que nossa casa mental está na maior parte do tempo.

Quem medita não é zen, é corajoso mesmo.

A tal da sensação boa, gostosa e agradável existe sim, mas nem sempre e costuma ser mais frequente depois de um certo tempo praticando.

Tem gente que tenta meditar uma vez na vida e diz: “eu não consigo, minha cabeça não para, eu fico inquieto, meditar não é pra mim!”.

Fico imaginando essa pessoa indo na academia a primeira vez e dizendo: “eu não estou saudável, meu músculo ainda não cresceu, eu só canso e sinto dor, malhar não é pra mim!”.

Ninguém fica sarado no primeiro treino e ninguém vai ficar de boa na primeira meditação.

Meditar é parar e observar a confusão que muitas vezes está ali e você tenta ignorar e fingir que está tudo bem.

Mesmo depois de anos praticando, haverão práticas difíceis e angustiantes porque é assim que nós nos sentimentos também.

Não é para ser sempre gostoso, é pra ser feito e só.

Esteja preparado para ver e sentir de tudo, portanto.

Meditar é reparar e observar.

O tipo de meditação que eu estudo é o Mindfulness e nele há um elemento fundamental: o não julgamento.

O ruim ou bom é fruto do julgamento que a mente está habituada a fazer.

A intenção com Mindfulness é observar, mas com abertura, curiosidade e autocompaixão.

Dia 17 de Dezembro aconteceu no Hotel Selina a primeira edição do Bhava Jiva, um evento que uniu Yoga, Mindfulness, Nutrição Ayurvédica e Terapia Sound Healing.

Nesta oportunidade, participei como colaboradora e fiz minha primeira apresentação de introdução ao Mindfulness em Foz do Iguaçu.

Este é um assunto que abordarei mais vezes por aqui, inclusive.

Siga nosso perfil do evento e fique por dentro das próximas edições: @bhava_jiva

A esperança morreu, caro leitor, porque aqui anuncio uma prática que te mantém atento ao momento presente, único lugar onde a alegria habita, logo atrás dessa “baguncinha” que você pode estar carregando na cachola.

Grata pela leitura,

* Tati(ane) Fonseca é amiga da Filosofia, estudante de Mindfulness, Neurociência, Psicologia Positiva e praticante de Yoga

Imagem: Romain HUNEAU, 2021. Disponível em: https://unsplash.com/photos/1Jgihx-b23s


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