O que vimos no Brasil, nas últimas eleições, é um cenário perigoso, um ambiente de absoluta competição, com um país dividido e uma parte das pessoas anunciando que não aceitaria de forma alguma um resultado que não fosse a vitória de seu lado.
Passado o processo eleitoral, o saldo é pouco mais pacificado, com a democracia resiliente e ainda sólida, mesmo com uma parcela pequena – e absolutamente irrelevante numericamente – ainda contestando o resultado. Mas, de forma geral, a normalidade ainda está longe de ser reestabelecida.
Eis a pergunta: será que a política deve ser competição? Entendo que não.
A política é fundamental, pois é a partir dela a máquina social e democrática se alimenta e gira. Portanto, nunca alguém deveria perder, mas as pessoas deveríamos sempre ganhar. E não ganhar individualmente: ganhar no coletivo, em sociedade.
Se o espírito da política fosse esse e apenas pessoas que compreendessem a importância de zelar pelo bem comum, pelo respeito à divergência e à diversidade, pelo diálogo e pelo desenvolvimento com inclusão participassem do processo, teríamos sim uma sociedade melhor.
Claro que abrir mão da competição não é abrir mão de
valores e ideias. Mas de saber defendê-las com serenidade e clareza.
É preciso se construir uma outra lógica para a política, inclusive aqui em nossa cidade e escolhermos quem respeita os valores democráticos para nos representar. É preciso vencermos o tempos da polarização meramente por poder e avançarmos para um ambiente de absoluta união. É preciso evoluir.
- Luiz Henrique Dias é mestrando na Unila, professor e gestor público.