Ayurveda. A-yur-ve-da. Palavrinha difícil, eu sei. Mas, confia em mim, ayurveda não é algo estranho praticado por gente mística.
Minhas células sempre conheceram o ayurveda, mas minha mente, não. Eu me lembro de, ainda na faculdade, minhas amigas tomarem um lanche substancioso às 9h30, na hora do intervalo. Uma pedia sempre a mesma coisa, um misto com um copo enorme de suco de laranja. O cheiro do queijo derretido me enfeitiçava e, de vez em quando, eu cedia à tentação. Pedia um para mim também, embora sem fome (eu já tinha tomado café da manhã antes de sair de casa). Quando eu resistia e não comia, enquanto minhas amigas lanchavam, eu pensava: “mas gente, se eu comer isso daí agora eu não almoço. Não consigo chegar com fome no almoço.” Entre a saída da faculdade e a entrada na escola onde eu trabalhava, eu tinha exatamente uma hora contada no relógio para almoçar. E eu queria almoçar com fome!
Meu estômago sempre soube do maior ensinamento do ayurveda: só coma se você tiver fome. Na verdade, a lógica é inversa. Não era meu estômago que conhecia o ayurveda, mas o ayurveda é que penetrou nos tecidos humanos para conhecer seu funcionamento e se fez conhecido através da consciência de antigos indianos dedicados a observar o corpo humano e a natureza e o seu redor. Assim surgiu o ayurveda: da mais pura observação e curiosidade por essa máquina metabólica fantástica que é o nosso corpo humano.
Demorei ainda uns bons anos observando os hábitos alimentares alheios e observando como o meu organismo não dava conta de acompanhá-los. No dia em que eu ouvi, num congresso, um médico indiano explicar como o ayurveda compreende o processo da digestão, parecia que eu tinha descoberto a roda. Tudo o que sentia sobre o meu corpo fez sentido para mim. Não havia nada errado em sentir fome apenas três vezes por dia, no meu caso. Para resumir: nosso processo de digestão – dependendo do que comemos – demora em média de quatro a cinco horas e a gente só deve comer com fome de verdade. A fome é a autorização que nosso corpo nos dá para comer. Ela é o sinal evidente que nosso estômago tem capacidade para digerir o que colocamos na boca. Para o ayurveda, muito mais importante do que o que comemos é a nossa capacidade para digerir o que comemos. E isso não se aplica apenas a alimentos físicos, mas também a alimentos sutis. Como digerirmos nossas emoções e os diversos eventos que nos acontecem?
Agni é a palavra em sânscrito que designa nossa capacidade digestiva. Ela significa “sol” e representa a lógica da nossa fisiologia. Nosso agni faz morada no estômago, é o nosso sol interno. Assim como a terra gira em torno do sol, nossa saúde gira em torno do nosso agni. Um bom agni nos fornece vitalidade e resistência, um agni fraco nos faz acumular resíduos de alimentos não digeridos que adoecem nosso corpo físico e mental.
Eu poderia continuar escrevendo um tantão sobre minhas descobertas com meu agni, mas vou resumir dizendo que me apaixonei pelo ayurveda por também por causa dele. Me dedico hoje a continuar estudando ayurveda e me observar. Assim como o yoga, ayurveda é pura investigação pessoal, pura auto-observação. Então vou deixar aqui alguns pontos para você se observar:
Você vive ficando doente?
Frequentemente se sente sem energia e, por mais que durma bastante, precisa de café para dar conta do dia?
Tem digestão lenta, com muitos gazes, constipação, azia ou queimação?
Nem sempre sente fome real, mas sim vontade incontrolável de alguns alimentos?
Passa mal com comidas que antes comia numa boa?
Sente corpo e mente pesados depois de comer?
Demora demais para acordar de manhã?
Tem dores de cabeça frequentes sem explicação?
Sua língua tem uma cobertura branca e espessa?
Houve mudança nos cheiros do seu corpo e suas eliminações?
Se você sente que essas questões te incomodam e que você gostaria de conhecer mais sobre seu agni e sua capacidade digestiva, eu posso pegar na sua mão e te ajudar. Tenho um programa de acompanhamento em que ficaremos juntas por um mês com contato diário pra gente descobrir como seu agni funciona, como podemos melhorá-lo pra você sentir se sentir mais leve e vital física e mentalmente. Não é dificil, confia em mim. Cuidar da gente com amor e dedicação nos fortalece internamente e traz inúmeros benefícios para nossa saúde. E se você souber de alguém que vive se queixando da digestão e que pode se beneficiar desses conhecimentos, encaminha esse email pra ela.
Um ditado popular ayurvédico diz que para um bom agni, o veneno se torna um néctar, mas, para um agni fraco, até o néctar se torna um veneno.
Faz sempre sol aqui dentro de mim… e por aí?
Com afeto,
Ana.
* Ana Paula Cavalcanti é professora de yoga. (Foto: Moskow)