“Desculpa, mas está tudo tão corrido!”
Essa foi eleita a frase mais dita no ano, de acordo com a revista “nossas vidas”.
Quando optamos por uma boa sarna para se coçar, tudo bem.
O problema está quando a sarna é ruim e começa a ficar insuportável.
Então, como já disse o neuropsiquiatra Viktor E. Frankl, “quando não somos mais capazes de mudar uma situação, somos desafiados a mudar a nós mesmos.”
Tanta correria que nem sabemos mais qual cenoura perseguimos e muito menos o porquê.
Quanto tempo você gasta com teu corpo, trabalho, carreira, família, amizades, relacionamento, redes sociais etc?
E na academia espiritual, tens malhado também? (sim, ela existe, é de graça, aproveite e matricule-se agora!)
Só nos tornamos bom naquilo que praticamos, não esquece.
Não é fácil ser gestor de si mesmo, eu sei.
A roda da vida quase sempre terá uma ou mais áreas bem preenchidas e outras nem tanto.
Todavia, em todas as fases, precisamos entender que alta performance sem saúde mental é uma prática destrutiva.
Nas palavras do filósofo e escritor Byung-Chul Han: “permanecer emocionalmente saudável em uma sociedade que cobra frequentemente o desempenho é o grande desafio do século XXI”.
Se estamos o tempo todo ocupados em performar, como lidar com as crises que aparecem?
A pandemia nos trouxe a certeza de que sempre seremos desafiados pela vida e que, portanto, precisamos aprender a navegar nesse mar revolto.
A ideia não é construir um barco “incapotável”, mas um barco que saiba capotar, como ensinou o navegador brasileiro Amyr Klink.
Nosso barco é complexo, tem muitas peças.
Uma delas chamamos de corpo e o corpo fala (até grita, quando necessário).
O tempo todo sinais são lançados: dores de cabeça, tensão no pescoço, cansaço, fadiga, estresse, aumento da frequência cardíaca, respiração curta e muitos outros.
Escute seu corpo. Você tem percebido algumas dessas sensações?
Então, vamos lá, porque se a chave que você está usando não abre a porta que você quer abrir, abandone-a e procure outra.
Eis algumas chaves que vale a pena você tentar:
- Diminuia o modo multitask
Muitos se orgulham em dizer que fazem várias coisas ao mesmo tempo.
Cuidado, fingir ser polvo tem um preço um pouco alto.
É mais exaustivo para o cérebro ficar alternando a atenção o tempo todo.
Fora que vamos perdendo nossa capacidade de concentrar-se.
Feche algumas abas do seu navegador.
Procure resolver mais uma só coisa de cada vez.
- Use o celular com mais consciência
Não é sobre diminuir o uso, simplesmente, mas diminuir o uso com coisas vazias.
Diminuir o tempo jogado fora por não saber encarar o tédio, por exemplo.
Você rola a timelapse enquanto é bombardeado de anúncios publicitários e considera isso uma boa forma de “descansar a mente”?
Talvez seja interessante revisitar suas definições de descanso também.
E, olha, vou te contar um segredo: nem toda notificação é um pedido de SOS que deveria ter sido respondido antes de ontem.
Use o celular com estratégia, no tempo certo e com a coisa certa, combinado?
- Faça pequenas pausas
10 minutos, vai.
Tenho certeza que você já ouviu falar da técnica pomodoro, mas não aplica, certo?
25 minutos de trabalho ou estudo, 5 minutos de descanso.
Não precisa ser cronometrado. Essa é uma média.
Adapte-se da melhor maneira de acordo com a sua rotina.
Neste curto intervalo, levante da cadeira ou alongue o pescoço, come um biscoitinho, feche o olho, faça umas 3 respirações mais profundas, percebe tua postura e por aí vai…
Autoconsciência é o primeiro passo para qualquer mudança.
Quero te apresentar um acrônimo: P . A . R . A . R
Pausa / Atenção / Respire / Amplie / Responda (com consciência).
- Organize-se
Agenda física, virtual, post it, trello, bloco de notas, planner…
Tem ferramenta para todo tipo de gosto!
O ponto é materializar as tarefas e desocupar espaço na memória mental.
Precisamos visualizar com clareza o que precisa ser feito, qual a prioridade de cada coisa, o prazo, a dificuldade etc.
Qual a real urgência dessa tarefa? Posso delegar algo? Quais ajustes estão ao meu alcance? Estou procrastinando? Se sim, por quê?
Organização do espaço físico também traz uma sensação maior de controle.
Bagunça demais pode ser estímulo para o desespero quando estamos mais vulneráveis.
- Foca na Tríade
Alimentação nutritiva + Sono de qualidade + Exercício físico regular
Esse combo é ouro e estará sempre em qualquer lista sobre autocuidado.
É básico, mas muito negligenciado.
Bônus: o apoio de algum profissional da mente é mais do que indicado também (sempre).
Se conheça e saberá seus limites.
Sabendo seus limites, você saberá a hora de dizer não.
Dizer não é dizer sim a si mesmo.
Dizendo sim a si mesmo, você consegue fazer pausas e desatar nós.
Com nós mais frouxos, você irá sentir-se mais aliviado.
Aliviado, você voltará e continuará de onde parou.
Somos falíveis, frustrações acontecem e não controlamos tudo o tempo todo.
Permissão para ser Humano.
Amém.
Se você teve tempo e chegou até aqui, merece uma música.
Dessas para cantarolar e guardar a reflexão de hoje.
“A time to be born, a time to die / A time to plant, a time to reap / A time to kill, a time to heal / A time to laugh, a time to weep”
Tradução: “Um tempo para nascer, um tempo para morrer / Um tempo para plantar, um tempo para colher / Um tempo para matar, um tempo para curar / Um tempo para rir, um tempo para lamentar.
Para ouvir esse clássico, clique aqui.
Grata pela leitura,
* Tati(ane) Fonseca é amiga da Filosofia, estudante de Mindfulness, Neurociência, Psicologia Positiva e praticante de Yoga.
Imagem: Artem Maltsev, Moscow. Disponível em: https://unsplash.com/photos/XE8Pe5uz_WI
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