Por: Hellen Queiroz Silva
Junho é o mês do orgulho da comunidade LGBTQIAP+, e nos faz recordar da revolta de Stonewall, que aconteceu no dia 28 de junho de 1969, em um bar muito frequentado por pessoas da comunidade: Stonewall Inn, nos Estados Unidos. foi um dia de revolta contra a opressão policial que geralmente acontecia no bar em relação às pessoas LGBTQIAP+.
E, confesso, ando pensando muito — e sentindo também — em um assunto que perpassa, acredito eu, a existência de muitas pessoas que fazem parte de minorias: constantemente temos que nos reafirmar — assim como, de alguma maneira, aquelas pessoas que participaram da revolta em Stonewall também precisaram — para nós e, em especial, para os outros. em muitos momentos e espaços nos questionam sobre as nossas próprias capacidades e se devemos continuar ou não em lugares sociais que, depois de tanta luta, conquistamos.
É luta para conseguir estar nestes espaços, e me refiro aqui dos mais diversos: acesso ao ensino superior, espaços de discussão política, trabalho, saúde, entre outros. e, além disso, para simplesmente estar por estar. e, depois, luta para continuarmos ocupando eles visto que, constantemente, de algum modo, podem nos fazer questionar o porquê que estamos naquele ou neste lugar e não em outro, questionam as nossas próprias capacidades, habilidades e potencialidades. em algumas ocasiões estes auto questionamentos que são gerados acabam nos afastando destes locais ou até mesmo nos fazem desistir de tentarmos ocupá-los.
É luta, também, para que este mês não seja um retrato da apropriação de nossas bandeiras atrelado a lucros e mais lucros. muitas empresas fingem estar do lado da comunidade LGBTQIAP+ apenas neste mês, enquanto ao longo de todo o ano não se interessam em se envolver com as questões que perpassam as nossas vidas, buscando alternativas, por exemplo, para inclusão de pessoas LGBTQIAP+ nestes espaços — enquanto trabalhadores ou não.
E, assim, resistimos e seguimos (re)existindo, de algum modo. na verdade, enxergo que o nosso único caminho é esse se queremos continuar conquistando direitos e defendendo aqueles já conquistados: continuarmos lutando. acho que é no coletivo que encontramos e fazemos força. acredito que com ele conseguimos chegar a muitos outros lugares, inclusive naqueles que demandarão mais lutas. mas, mesmo assim, prefiro que estejamos juntes.
E, por fim, espero que seguimos em revolta: contra normas estabelecidas da nossa sociedade heteronormativa, contra toda forma de discriminação e de tentativas de atacar os nossos direitos, nossos corpos e nossas identidades.
Referências/recomendações de leitura:
https://www.nationalgeographicbrasil.com/cultura/2021/06/gay-lgbt-revolta-de-stonewall-movimento-atual-pelos-direitos-lgbtqia#:~:text=Em%201969%2C%20na%20cidade%20de,discrimina%C3%A7%C3%A3o%20sofridos%20pela%20comunidade%20LGBTQIAP%2B
Revolta de Stonewall: tudo sobre o levante que deu início ao movimento LGBT+ – Revista Galileu | Sociedade (globo.com)