Transtorno de conduta – o que fazer quando não é apenas uma fase?

POR: KATIA SIMON MORI

Antes de abordar o tema, uma breve apresentação! Estreio hoje no site, e toda semana passarei por aqui, e falarei sobre diversos assuntos. Sou uma mulher de 33 anos, quase pedagoga (finalizando graduação), fui professora, ex maquiadora, ambientalista, vegana militante pelos direitos dos animais, mãe de pets (são dois, não convencionais) apaixonada por arte, cultura, esquerda desde sempre, e acabo de descobrir uma nova paixão: a política. Diante disso, já podem imaginar sobre o que falarei por aqui, e pra abrir com chave de ouro, trago um assunto muito importante dentro das temáticas educação, psicologia e, consequentemente, sociedade.

O TC (transtorno de conduta),  segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, define-se em comportamentos que perturbam quem está próximo. As crianças que apresentam o transtorno não têm preocupação com relação ao sentimento dos outros, e nem apresentam sofrimento por atos reprováveis. Geralmente os sintomas aparecem por volta dos 6/7 anos, entretanto, evidências sem caráter científico sugerem que as primeiras amostras do comportamento anti-social podem ser reconhecidas ainda muito cedo, por volta dos 18 meses.
As principais características de crianças com o transtorno são: violência, crueldade geralmente com irmãos mais novos e/ou animais de estimação, egoísmo, implicância, mentira, roubo, exibicionismo (no sentido de querer chamar atenção), birras, desobediência, comportamento vingativo, desaforado e desafiador, vandalismo, oposição, baixa tolerância a frustrações, imunes a punição dos pais, não se deixam afetar pela dor, cabular aula, fuga, destruição com descarga de agressividade (inclusive dos brinquedos), incendiarismo, abuso de drogas, início de atividades sexuais extremamente cedo (por volta dos 10 anos), dentre tantos outros. Destacando que, eles nunca apresentarão apenas uma característica isolada.
Para se encaixar no diagnóstico do TC, a criança deve apresentar várias das características citadas, e não somente uma vez, em um único fato isolado, mas repetidas vezes, dentro de um longo período de tempo. É importante ainda estar atento no sentido de que, a malvadeza (até certo grau) faz parte da construção do caráter e personalidade sadia da criança, porém, é necessário observar, até onde vai essa ‘malvadeza’, e, estar atento, pois fases costumam passar. A partir do momento em que, esse comportamento passa a ser frequente é recomendado buscar acompanhamento psicológico.
Certos comportamentos, em determinadas idades, não devem ser tidos como motivo para pânico. Por exemplo, aos dois anos, uma criança não tem noção do ‘meu’ e do ‘seu’, portanto, não se pode afirmar que ela roubou em casos de apropriação de objetos que não lhe pertencem.
Todas as características citadas estão diretamente ligadas à falta de afetividade, e em alguns casos, uma acaba levando a outra. O uso de drogas, por exemplo, pode vir a causar a alteração do humor.
A agressividade, segundo Soifer, manifesta-se por meio de ataques físicos a outras pessoas: bater, beliscar, atirar coisas, extenuar, morder, puxar o cabelo, ameaçar com objetos cortantes ou provocar feridas, e também, assumir características destrutivas, tais como rasgar, dilacerar, destroçar, jogar pela janela objetos próprios ou alheios. Já as birras, são os berreiros, manhas. É uma maneira de dar saída ao sentimento de raiva e de descarrega-lo, graças ao pranto e ao esperneio.
O ambiente familiar (em muitos dos casos)  quando não é agravante do quadro, se apresenta fraco no que diz respeito ao controle e tratamento adequado, pois é difícil manter o alinhamento entre amor e disciplina em lares muito problemáticos.
Se não houver um diagnóstico precoce e a ajuda adequada, na adolescência, com as mudanças hormonais, o quadro pode vir a piorar. Se os sintomas se apresentam desde a infância, a partir da adolescência, é cada vez menos provável uma melhora, mesmo com o acompanhamento adequado.
Falando em tratamentos, é certo que o melhor tempo para se tratar, seria o tempo em que o transtorno se desenvolveu, pois é de difícil remediação em uma data muito posterior. As melhores intervenções seriam: psicoterapia individual ou mesmo grupal (no caso, a mais indicada, onde família também estaria recebendo devido atendimento), grupos de orientação, entre outros. Uma intervenção medicamentosa, nestes casos, não mostrou grandes resultados.
O TC é muito ‘comum’ dentro das instituições destinadas a jovens em conflito com a lei. Antes dos 18 anos, perante conduta contrária a lei, as crianças e adolescentes são submetidas a ‘medidas socioeducativas’, de acordo com o previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Obrigada por ler!


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