Você também acha o cérebro humano uma das coisas mais fascinantes que existe?
Ô bichinho complexo nós somos!
Há um verdadeiro universo dentro de nossas cabeças.
Então, cuidado!
Existem muitas interpretações equivocadas e/ou desprovidas de embasamento científico.
Uma série de mitos sobre o nosso cérebro são difundidos por aí como se verdade fossem.
Hoje vou compartilhar alguns deles com você, leitor.
Razão e emoção estão em lados diferentes do cérebro? Podemos controlar nossas emoções? Existe emoção positiva e negativa? Emoção e sentimento são a mesma coisa?
Em 1973, um texto publicado no New York Times chamou a atenção com seu título: “Duas pessoas (muito) diferentes habitam as suas cabeças”.
O texto abordou um estudo com pessoas que sofriam graves episódios de epilepsia (excesso de descarga elétrica nos neurônios).
Nesse estudo, foi realizada uma cirurgia que separou o lado esquerdo e o lado direito do cérebro.
Cortou-se, literalmente, a parte que unia os dois hemisférios e eles deixaram de comunicar-se.
O resultado foi promissor em relação à epilepsia.
Porém, alterações comportamentais também foram notadas, sobretudo nos processos de leitura e verbalização/escrita.
Em um dos testes, os pesquisadores apresentavam algumas imagens aos pacientes operados.
Eles enxergavam, reconheciam o objeto, mas não conseguiam falar o que era.
O que isso mostra?
Que um lado do cérebro lia, entendia, mas a fala precisava do outro.
Cada hemisfério tem ~predominância~ para algumas funções e não para outras.
O cérebro inteiro não faz tudo.
Apenas as funções mais simples são bem localizadas.
Funções complexas, no entanto, envolvem várias áreas do cérebro e ambos os hemisférios.
Na leitura, por exemplo, tem a parte que lê, a que mede a distância entre você e o livro, a que interpreta o sentido simbólico, a que imagina o que está sendo lido etc.
Com a publicação desse texto, espalhou-se uma falsa interpretação de que cada lado do cérebro é responsável, somente, por uma determinada função.
Daí que vem a história de que um lado do cérebro é criativo, artístico e emocional (o lado direito) e o outro é racional, lógico e matemático (o lado esquerdo).
“Um artista é aquele que usa mais o lado direito do cérebro”.
“Pessoas boas em cálculo tem o lado esquerdo mais desenvolvido”.
Não, isso não exite!
Nós não temos um lado que é só emocional e outro que é só racional.
E você sabia que emoção e sentimento não são sinônimos?
De acordo com o neurocientista António Damásio, emoção é uma orquestra fisiológica, um conjunto de programas de ação que servem para agirmos sem perder tempo.
Emoções, portanto, são automáticas e inconscientes.
Por isso, não temos controle sobre elas, não conseguimos evitá-las ou impedi-las.
Posso aprender a manejar minhas reações emocionais, mas não a emoção em si.
Emoções geram comportamentos biologicamente vantajosos frente a uma necessidade imediata.
Nessa perspectiva, não há distinção entre emoção positiva e negativa.
Todas elas existem para garantir nossa conservação e sobrevivência.
A ausência de medo, por exemplo, pode até parecer vantajosa.
O caso do alpinista americano Dean Potter, porém, nos prova o contrário.
Potter não sentia medo e, por conta disso, sempre se envolveu com atividades radicais e extremamente perigosas.
Sua última aventura foi um voo de wingsuit – uma espécie de macacão com asas.
Seu objetivo era passar em alta velocidade por uma abertura estreita saltando de um penhasco de 2.300 metros de altura (ou seja, algo praticamente impossível).
Infelizmente, Potter não conseguiu fazer o movimento necessário para passar pela abertura e morreu ao chocar-se com uma enorme parede rochosa.
Se emoção é inconsciente, o sentimento é consciente.
Quando uma emoção é percebida, estamos diante de um sentimento.
O sentimento é mais complexo, pois envolve memórias, ideias, planejamentos, percepção de si próprio, etc.
Alegria é emoção. Felicidade é sentimento.
Esse texto foi mais informativo e você pode ter ficado com alguma dúvida.
Deixe sua pergunta ou comentário.
Grata pela leitura,
* Tati(ane) Fonseca é amiga da Filosofia, estudante de Mindfulness, Neurociência, Psicologia Positiva e praticante de Yoga.
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