No dia 11 de fevereiro ocorreu a 1ª Conferência Municipal sobre Saúde Mental e, no dia seguinte, o @coletivofoz organizou um seminário sobre o mesmo tema.
A Conferência reuniu representantes da Secretaria Municipal da Saúde, COMUS (Conselho Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu), conselhos de classe e usuários do SUS.
O objetivo foi debater e votar propostas que contribuirão para uma saúde mais eficiente e humana na cidade de Foz do Iguaçu.
Outro marco importante neste cenário foi a criação, em 2021, de uma Diretoria específica para a Saúde Mental, chefiada pela psicóloga Simone Rugani Topke.
Antes, a referida pasta ocupava uma Divisão vinculada à Diretoria de Assistência Especializada.
O seminário, por sua vez, foi inaugurado com a fala da Psicóloga Bruna Medeiros explicando o conceito de saúde de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde): “estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas como a ausência de doença ou enfermidade”.
A saúde, o bem-estar e a qualidade de vida, portanto, dependem da presença de um conjunto de elementos, internos e externos.
O conceito de mente também foi explorado na fala da palestrante.
Num primeiro momento, questionou-se a concepção comum de que o cérebro é uma coisa e a mente é outra.
Cérebro e mente não são coisas separadas. Como diria Steven Pinker: “a mente é o que o cérebro faz”.
O cérebro é uma máquina bio-computacional, capaz de fazer cálculos e operações.
Todos nós temos uma experiência subjetiva do mundo, composta por memórias, sentimentos, emoções, planos, percepções sensoriais e tantos outros.
A mente é justamente esse conjunto de elementos que compõem a experiência subjetiva da espécie humana.
Alguns desses elementos são exclusivos (únicos em cada indivíduo) e outros, universais (compartilháveis entre todos nós).
Os elementos universais também são chamamos de processos ou operações mentais, quais sejam: emoções, sentimentos, memória, atenção, percepções, pensamentos, decisões, escolhas etc.
O nosso cérebro, portanto, é bastante parecido com o dos outros, mas não idêntico.
Essa pequena diferença entre o cérebro de cada um produz realidades diferentes, afetos diferentes, experiências diferentes, ainda que semelhantes.
Se a realidade de cada um fosse completamente diferente, viveríamos em um caos e seria impossível falar de neurociências, por exemplo.
Agora que entendemos um pouco sobre saúde e mente, podemos perguntar: o que é saúde mental?
Trata-se da forma tolerável com a qual cada um reage às exigências, desafios e mudanças na vida e como harmonizamos nossas ideias, atitudes, pensamentos, sentimentos e emoções.
Para sermos mentalmente saudáveis, algumas coisas são básicas como: alimentação adequada, prática regular de atividade física e sono de qualidade.
Além disso, é importante organizar uma rotina, ter momentos de descanso, entrar em contato com a Natureza, manter boas relações com os outros, fortalecer nosso lado espiritual e muitas outras coisas.
A pandemia do Coronavírus (COVID-19) afetou todos nós, nos mais diversos sentidos.
Conforme ressaltou a Secretária de Saúde, Rosa Maria Jeronymo, “a demanda aumentou assustadoramente nos últimos anos. Com as medidas de isolamento, a perda de pessoas queridas, questões financeiras ocasionadas pelo desemprego, a violência contra a mulher, são aspectos decorrentes da pandemia e por isso precisamos fortalecer a saúde mental para ajudar quem precisa”.
A nova Diretora Simone Topke (mencionada no começo deste texto), explica que “saúde mental” ainda está bastante associada à “doença mental”.
Em primeiro lugar, diz ela, “espero contribuir para expandir este conceito, com ênfase nas ações de promoção da saúde mental e não apenas no atendimento a transtornos mentais ou pessoas em crise”.
A melhor maneira de promover saúde mental e prevenir doenças e transtornos é investir em educação e conhecimento, desde a infância.
Esta, inclusive, foi a proposta que levantei na Conferência, felizmente aprovada.
Precisamos ser ensinados sobre nós mesmos, nossa personalidade e nosso funcionamento, biológico e mental.
Somos ignorantes emocionais, mas precisamos deixar de ser.
Que essa seja uma das preocupações de nossos gestores nas escolas e demais espaços públicos.
Afinal, saúde é direito de todos e dever do Estado (art. 196, da Constituição Federal de 1988).
O Brasil é o 5º país mais depressivo e o mais ansioso do mundo, de acordo com dados de 2019.
A nossa saúde mental está na UTI, mas podemos (e devemos) salvá-la.
Grata pela leitura,
* Tati(ane) Fonseca é amiga da Filosofia, estudante de Mindfulness, Neurociência, Psicologia Positiva e praticante de Yoga.
Referências Bibliográficas
Em busca de nós mesmos. Autores: Clóvis de Barros Filho e Pedro Calabrez. Citadel Editora, 2017.
Imagem: Cindy Tang. Disponível em: https://unsplash.com/photos/ob-hsLNxYPc
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