o que é uma coisa certa com data incerta?

Se respondeu “morte”, parabéns, você acertou.

Mas calma, me dê uma chance antes de sair dando batidinhas na madeira mais próxima.

Nem sempre refletir sobre a morte é algo negativo, mórbido, assustador e deprimente.

Pelo menos não é isso que você dirá da reflexão que faremos hoje (eu espero).

O intuito desse texto é sacudir sua cabeça e chamar sua atenção para a valorização da Vida, antes que seja tarde demais (risos).

As lágrimas mais amargas derramadas sobre os túmulos são pelas palavras que não foram ditas e coisas que não foram feitas.” – Harriet Beecher Stowe

Você já pensou como seria se sua atual existência não tivesse um fim?

O quão diferente você viveria se você soubesse que jamais morreria?

Qual seria a graça de fazer as coisas se tivéssemos todo o tempo do mundo para fazê-las?

Muitas vezes, infelizmente, levamos a vida sob uma certa ilusão de imortalidade.

Nosso cérebro não processa muito bem o evento “morte”.

Também vivemos tão ocupados que não sobra tempo pra pensarmos nas inúmeras variáveis que precisam estar presentes para o corpo manter-se vivo e funcionando.

Vivemos numa correria tão frenética que não conseguimos parar para identificar que cada instante vivido é especial e único.

Vivemos um dia após o outro com tanta naturalidade e conformismo que não percebemos o fato de que, num instante, tudo pode apenas deixar de ser/existir.

Vivemos tão distraídos que esquecemos de valorizar as pessoas que amamos, que não estarão ali do nosso lado para sempre.

O filósofo Epicuro (341 a.C – 270 a.C) afirmava que “a morte não é nada para nós, pois, quando existimos, não existe a morte, e quando existe a morte, não existimos mais.” 

Ora, a morte, na verdade, é tudo para nós! 

É possível definir a vida por meio da morte e o ser por meio do nada. 

É dever nosso, inclusive (se quisermos ter chances de viver bem), relembrar com frequência de que a morte é a possibilidade mais própria de cada existência.

Só não sabemos se a morte virá hoje, amanhã, mês que vem ou daqui 30 anos.

Segundo o filósofo Martin Heidegger (1889-1976), a angústia e o medo que sentimos ao constatar nossa temporalidade são importantes, mas precisam ser superados. 

Como? 

Primeiro, aceitando a morte, e depois, assumindo o papel de criadores de uma vida autêntica e preenchida de sentido.

Sem esse “despertar”, corremos o risco de levar uma vida medíocre, controlada por um fio de náilon preso em nossas cabeças.

Não é à toa que os estoicos repetiam inúmeras vezes a expressão latina “memento mori” que significa algo como “lembre-se de que você vai morrer”.

Saber que vamos morrer nos leva a examinar a vida que temos!

Sua vida faz sentido para você?

“Viva de tal maneira que devas desejar reviver”.

Essa é a #dica do filósofo Friedrich Nietzsche (1844-1900), conhecida como Eterno Retorno.

Não devemos ignorar, muito menos temer a morte.

Devemos temer não viver no pleno desenvolvimento das nossas potencialidades.

A pior morte é aquela que ocorre durante a própria vida.

Contra ela, sim, devemos lutar todos os dias.

Viver está muito além de simplesmente existir. 

Viver é sentir-se engajado com seu maior propósito.

Lutemos como o herói Aquiles que, mesmo tendo sido alertado sobre sua morte, foi à guerra buscar sua nobreza e glória.

Sejamos como Sócrates que, antes de partir, teria dito algo como: “posso morrer bem porque não me desviei de mim mesmo; estive desperto enquanto vivo”.

Vida boa, meus caros, é estar em paz com a própria consciência.

Shanti Shanti Shanti – mantra em sânscrito que significa “paz”.

Grata pela leitura,

* Tati(ane) Fonseca é amiga da Filosofia, estudante de Mindfulness, Neurociência, Psicologia Positiva e praticante de Yoga.

Imagem: Sebastian Voortman. Disponível em: https://www.pexels.com/pt-br/foto/duas-pecas-de-xadrez-de-prata-na-superficie-branca-411207/


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