Dados apontam o empobrecimento da população de Foz do Iguaçu. A pandemia e a demora nas ações de mitigação de seus efeitos, em especial quanto aos auxílios emergenciais, única fonte de renda para milhares de pessoas, bem como o desemprego em massa e a alta nos preços dos alimentos e combustíveis, deixou pelas ruas do Centro e pelos bairros de Foz do Iguaçu um número assustador de pessoas e famílias vivendo em condições precárias, com fome e sem perspectivas de curto prazo. Assim, é preciso que enquanto a iniciativa privada cuida da retomada das atividades econômicas o Poder Público priorize as ações sociais emergenciais e o planejamento de melhora de nossos indicadores sociais para os próximos anos.
Precisamos entender que não existe política pública eficiente e eficaz sem dados atualizados. Por isso, a cidade precisa de uma equipe – grande e com estrutura adequada – para o mapeamento e acompanhamento da evolução da população em condição de vulnerabilidade extrema, com dados mais sistematizados e que podem auxiliar as ações humanitárias e os serviços de saúde e educação, incluindo recortes mais refinados como deficientes, doentes crônicos, mulheres, pacientes mentais e população LGBT em situação de rua.
Também, é preciso um olhar mais aguçado, estratégico e humanizado nas ações de abordagem e encaminhamento social de estrangeiros, em especial vindos dos países do Mercosul, que estão em situação de rua ou mesmo fazem trabalhos informais pela cidade, o que inclui crianças. Precisamos fazer novas discussões, atualizarmos ou mesmo colocarmos em prática os protocolos bilaterais entre Brasil e Paraguai e do Mercosul, com maior diálogo entre as autoridades de proteção da infância e migratórias que atuam em Foz e nas cidades da região trinacional.
Devemos, como cidade, chamar para nós a responsabilidade sobre o problema da pobreza em Foz, que é grave, aguda, e dar transparência para isso, ao invés ficarmos com medo de manchar nosso “Destino Turístico” com a miséria de uma parte significativa da população. Quando um problema é colocado embaixo do tapete, a gente finge que ele não incomoda. No entanto, quando exposto, a gente precisa correr para manter a casa arrumada. Devemos ter a consciência que investir na estrutura de Assistência Social, com a criação de mais equipamentos públicos e contratação de mais profissionais de serviço social, psicologia e técnicos para a assistência, também é um ativo turístico. Afinal, quem não gostaria de visitar uma cidade linda, exótica e que cuida do seu povo?
* Luiz Henrique Dias é professor e coordenador do Coletivo de Cidadania de Foz do Iguaçu. @LuizHFoz
