* Luiz Henrique Dias
O anúncio da demissão do, agora ex-Presidente da Petrobras, economista Roberto Castello Branco , e a sua substituição pelo General Joaquim Silva e Luna, abre novamente espaço para o debate a respeito do papel da maior empresa brasileira no desenvolvimento do país.
Sob a gestão de Castello Branco, a Petrobras regrediu no tempo e em capacidade, abrindo mão de sua vocação tecnológica e da busca pela tão sonhada autossuficiência para assumir um papel de simples produtor de commodities, deixando seus preços inóspitos para o consumidor local e adotando um modelo de comercialização característico de países meramente importadores.
O que, obviamente, não somos.

Nos últimos quatro anos, abrimos mão da distribuição e de parte do refino, bem como da possibilidade de utilizarmos nosso petróleo para catalisar o mercado interno e gerar empregos e renda para a população brasileira.
Assim, se a troca foi motivada apenas porque o Presidente da República ficou irritado com o preço dos combustíveis e, por isso, rifou a direção da companhia, Bolsonaro errou. Como erra em ameaçar fazer renúncia fiscal para segurar os aumentos.

Se quiser acertar, Bolsonaro deve tentar entender a Petrobras como uma das engrenagens do desenvolvimento econômico e social e orientar uma mudança na lógica da empresa, abandonando a chamada política de Preço de Paridade Internacional (PPI) e estabelecendo a retomada de todo o processo de prospecção, retirada, refino e distribuição em benefício do país, garantindo preços que dêem competitividade ao nosso setor produtivo e logística e não onere tanto as famílias e as empresas.
Portanto, se a troca pelo General foi para uma mudança estrutural no modelo, aplausos para o Presidente e sorte para Silva e Luna. Mas, se foi apenas para dar um sinal à opinião pública depois da alta dos preços, mais uma vez, Bolsonaro vai condenar mais um de seus homens fortes a ser apenas mais um nome.
* Luiz Henrique Dias é professor e gestor público.