Por Bruno Zanette*
A pandemia do novo coronavírus mudou a vida de todos, nos mais diferentes segmentos da sociedade. No esporte não foi diferente. Competições das mais variadas modalidades foram adiadas ou canceladas, como prevenção ao combate da Covid-19, que já vitimou dezenas de milhares de pessoas pelo mundo.
No futebol, competições em (quase) todas as partes do planeta paralisaram. Sim, quase todas, porque por incrível que pareça há países em que a bola segue rolando. Um destes países é Belarus, na Europa.
A Copa América e Eurocopa, previstas para a metade deste ano, ficaram para 2021, ainda sem datas definidas. A Libertadores da América foi paralisada e pode retornar somente depois de maio deste ano. Tudo isso certamente causará impactos não apenas econômicos, mas também técnicos em relação à paralisação do calendário, já tão apertado. Quando as equipes e jogadores aqui no Brasil começariam a entrar no chamado “ritmo de jogo”, foi necessário parar. O momento exige isso, como bem determina a Organização Mundial da Saúde, para evitar a expansão e avanço do contágio da doença.
Clubes foram obrigados a dar férias aos seus jogadores por 20 dias, devido à paralisação das competições. Mas, lembrando que o período de quarentena e isolamento social não é o mesmo que férias. Apesar disso, o técnico Renato Portaluppi, do Grêmio, que entrou de máscara no gramado ao lado de seus jogadores, em protesto à continuidade dos jogos no momento em que os casos avançavam no Brasil, por mais de uma vez foi flagrado em praias do Rio de Janeiro, onde possui residência. A coerência ficou para escanteio.
Na Fórmula 1, a principal categoria do automobilismo mundial, foram canceladas praticamente todas as corridas previstas para o primeiro semestre, e não há previsão de início da temporada. Cancelou, inclusive, o GP de Mònaco, etapa presente no calendário desde o início, em 1950. E ainda há quem diga se tratar de uma “gripezinha”.
Na NBA, a liga de basquete mais importante do mundo, também paralisou sua temporada 2019-2020. Sorte da NFL, a liga de Futebol Americano, que tem sua temporada iniciada em setembro. Mas, dependendo da situação de como estejam os casos no novo epicentro do mundo, os Estados Unidos, também pode ter o calendário comprometido.
Vem dos Jogos Olímpicos de Tóquio, o que chama mais a atenção. Pela primeira vez na história a Olimpíada foi adiada, com a nova data marcada de 23 de julho a 8 de agosto de 2021. Será que as Olimpíadas foram adiadas, por seus participantes não terem “histórico de atleta”? Logicamente que não, e a decisão do Comitê Olímpico Internacional (COI) até demorou a sair.
Somente três vezes edições da Era Moderna dos Jogos foram canceladas, todas devido a conflitos da Primeira e Segunda Guerra Mundial: 1918, em Berlim (Alemanha); 1940, em Tóquio (Japão); e 1944, em Londres (Inglaterra).
Além de ter que refazer toda a logística, contratos com fornecedores, distribuição de ingressos e manutenção das arenas, estádios e ginásios para a nova data, o adiamento também pode afetar o desempenho técnico dos atletas. Embora tenham mais tempo de preparação, ficarão por um longo período sem medir seus potenciais em competições de grande nível. Por outro lado, isso poderá nivelar as disputas, já que atletas e equipes que poderiam não chegar tão bem aos Jogos, agora ganham esse “respiro” para se prepararem.
A verdade é que nossas vidas não serão mais as mesmas depois que tudo isso passar. Teremos que rever nossos hábitos, costumes e práticas. Inclusive em um ambiente tão competitivo, quanto o esporte.

*Bruno Zanette é jornalista formado em Foz do Iguaçu e se dedica a falar e escrever sobre esportes desde que nasceu, em 1989. Profissionalmente desde 2008. Também aprecia cultura de um modo geral.
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