* Luiz Henrique
Uma política de distribuição direta de renda, municipalizada, colocando dinheiro nas mãos dos jovens, pode ser o primeiro passo para iniciar uma mudança estrutural em nossa economia.
Tenho defendido a necessidade de, literalmente, entregarmos dinheiro nas mãos de pessoas entre 17 e 24 anos, com o mínimo de contrapartida ou sem burocracia alguma, de forma universalizada.
É nessa faixa etária onde sempre estiveram os problemas sociais crônicos de nossa cidade, como a alta mortalidade por violência, elevado índice de encarceramento, elevada informalidade, desemprego muito acima da média e a gravíssima evasão escolar.
Posso somar a esses números algumas insinuações teóricas feitas a partir de minha convivência – diária – com essa população: demanda reprimida de consumo e desejo por autonomia financeira.
Bem antes da pandemia, dei um passo para essa proposta no artigo Economia: a saída é garantir renda aos jovens, e sinto o tema estar mais urgente de debate, primeiro pelos resultados concretos das políticas de renda e, segundo, pelo agravamento da crise sanitária e econômica que pode condenar toda uma geração, ou mais de uma.

Dinheiro na mão das pessoas ativa a economia. A questão é como se fazer, para qual finalidade e por quanto tempo.
Uma política de distribuição direta de renda, com o governo agindo ativamente sobre os jovens nessa faixa etária na cidade, pode ser o primeiro passo para iniciar uma mudança nos fluxos do dinheiro, fomentar o comércio local e as vias comerciais do centro e dos bairros.
Será dinheiro na rua, pra comprar celular, roupa, comida, livros ou qualquer outro bem ou serviço, gerando emprego e mais renda. É uma fórmula simples.
Por isso, entregar todos os meses um salário mínimo – ou meio salário mínimo, mas não menos que isso – nas mãos dessas pessoas pode gerar importantes resultados práticos como garantir permanência na escola e na universidade, reduzir a capacidade de aliciamento do crime.
Por fim, dados tomados durante o início da pandemia mostraram: 40% dessa população entre 17 e 24 anos já está endividada e 65% trabalha para ajudar no sustento da família. A situação deve ser ainda mais grave agora.
Aliviar essa pressão econômica, psicológica e social sobre uma relevante parcela da cidade é garantir uma vida econômica mais saudável e capaz de fazer a cidade crescer e se desenvolver de forma mais justa e sustentável no futuro.
- Luiz Henrique é gestor público, escritor e professor.
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