* luiz henrique dias
Em um país de dimensões continentais como o Brasil, a aviação deve ser, antes de mais nada, um projeto de nação e de integração do território.
As mudanças ocorridas nas duas últimas décadas em nosso transporte aéreo transformaram a malha, ampliaram as rotas e levaram os aviões de passageiros para dezenas de médias cidades, produzindo capilaridade e encurtando distâncias.
Também, os projetos, as reformas e as construções de aeroportos regionais, assim como as concessões dos grandes terminais, deram mais dinamismo e competitividade ao setor, sem abrirmos mãos da segurança de nosso espaço aéreo e atendendo apenas a demanda reprimida.
Hoje somos um grandioso mercado e com possibilidades infinitas de expansão, para além das pontes aéreas do sudeste.

Agora, temos que olhar não somente para a infraestrutura mas para a operação do setor: três grandes companhias praticamente monopolizam o mercado e centralizam os slots dos aeroportos.
Cumprem um papel importante para o país, é fato, mas também lucram e demandam o Estado brasileiro (pedem redução de ICMS, isenção de taxas, direito de cobrança de bagagem) e precisam de certo grau de responsabilidade e de um olhar atento da sociedade para evitarmos qualquer tipo de monopólio e combinações de preços.
Basta notar que ninguém tem sobrevivido ao cerco: Avianca, BRA, WebJet, Varig, NHT, Sol, e outras foram literalmente engolidas em apenas uma década. Até empresas consolidadas como a Agile Azur deixaram de operar no país. A própria TAM virou Latam.
Agora chegou a hora das “Low Cost“, as chamadas companhias de baixo custo, operaram no país.
Era uma demanda antiga dos passageiros e um anseio dos aeroportos. Em apenas um ano, novos layouts de aviões começaram a aparecer em nossas cidades e isso têm dado outra cara ao mercado.
Em geral, essas companhias operam com aviões novos e trazem know-how de outros mercados mais desenvolvidos, além de ofereceram destinos em aeroportos secundários em grandes cidades do Brasil e do mundo.
Com isso, a tendência é: os preços cairem.
Não se muda o mercado sem incentivos e não se entrega algo tão importante como a integração de um país somente às lógicas do mercado: é preciso um movimento de parceria entre governos, concessionárias e novas companhias para viabilizar as operações, contornar o ataque das grandes e ampliar o número de voos e destinos.
É um desejo do consumidor ter mais opções e é saudável para o país ter mais companhias em seus aeroportos.
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